Novo ano e várias mãos cheias de espetáculos entre janeiro e junho no Teatro Municipal do Porto (TMP). O muito que ainda resta desta temporada foi apresentada nesta manhã, em conferência de imprensa, onde os codiretores Cristina Planas Leitão e Drew Klein deram destaque aos vários focos de atenção que haverá ao longo do primeiro semestre do ano. Do teatro à dança, da música à literatura, o teatro municipal continua a ser a casa de todos, aberta a todos, com 80 espetáculos, 11 dos quais estreias absolutas, oito nacionais e 20 coproduções que incluem 12 de artistas ou companhias locais.
Como se pensa a programação de um teatro municipal sem esquecer que ele vive rodeado por uma cidade, que se encontra inserida numa região, que se afirma num país, que contribui para um continente que faz parte de um mundo que está em constante ebulição? “Abordar a complexidade do mundo prende-se com o nosso esforço continuado de apresentar realidades vividas em palco”, assumem os codiretores artísticos do TMP. “Nesse sentido, partilharemos trabalhos que dão a ver um conjunto de histórias e experiências que compõem o diversificado tecido da nossa sociedade, incluindo descobertas pessoas e genealógicas, diferentes formas de protesto artístico, momento de luto e de êxtase”, asseguram Cristina Planas Leitão e Drew Klein.
São seis meses para se pensar as oportunidades que ganhamos e perdemos, os sonhos que cumprimos e desfizemos, os desafios que se aproximam e se afastam. Um programa diverso, completo, onde o público é constantemente convocado para ser parte ativa na execução desta reflexão.
Uma reflexão que ganha contornos históricos com o aniversário do Rivoli que, a 19 e 20 de janeiro, convoca a cidade para a comemoração dos 92 anos feita com uma programação gratuita: a coreógrafa Miet Warlop regressa ao Rivoli com a estreia nacional de “ONE SONG: Histoir(s) du Théâtra IV” e a artista Rita Barbosa estreia “BERTIE”, uma experiência de realidade virtual em rede apresentada no Rivoli, Campo Alegre e no GNRation, em Braga. O aniversário conta ainda com espetáculos de Né Barros e Jorge Gonçalves e um DJ Set de Sound Preta.
“Por tradição, no aniversário apresentavam-se grandes companhias e este ano resolvemos rasgar um pouquinho com essa tradição. É um programa que nos confronta com a realidade”, descreveu Cristina Planas Leitão.
Mas antes, o novo ano no TMP recebe um espetáculo inovador de revista à portuguesa. O coletivo Teatro Praga apresenta, a 12 e 13 de janeiro, “Bravo 13!”, que passa o ano em revista a partir da conhecida revista juvenil e que conta, no elenco, com Marina Mota, entre outros atores.
Meses de estreias, regressos e reencontros
Fevereiro é mês de estreias e regressos, com muitas surpresas nos vários palcos do TMP: o encenador Marco Martins regressa com “Pêndulo”, um trabalho que conta com um grupo de oito mulheres cuidadoras e empregadas domésticas, a 2 e 3; os coreógrafos São Castro e António M. Cabrita juntam-se à Companhia Instável para um espetáculo, ainda em criação, que terá apresentação no Rivoli a 16 e 17 de feveteiro; e o CCN – Ballet de Lorraine estreia no Porto “Acid Gems, de Adam Linder, e Static Shot, de Maud le Pladec, dois jovens autores que desafiam a estrutura clássica, a 25 e 26.
A coreógrafa Marlene Monteiro Freitas volta à programação do TMP, desta feita num trabalho com a companhia Dançando com a Diferença e o espetáculo “ÔSS”, que significa “osso”, em crioulo. Mais uma vez, a artista cria referências de inspiração mitológica, alta cultura e inspiração pop, a 8 e 9 de março.
Dos muitos destaques que a temporada do TMP ainda reserva há um reencontro muito aguardado com a Companhia Nacional de Bailado que junta, no mesmo programa, três nomes maiores da dança contemporânea: Hofesh Shechter, Vasco Wellenkamp e Ohan Naharin, com presença garantida no Rivoli a 30 e 31 de maio e 1 de junho.
Junho, que marca o final da temporada de programação, contará com “velhos conhecidos” da casa: os (LA) Horde / Ballet National de Marseille, que estreiam “Age of Content”, a 14 e 15. Neste espetáculo, cheio de energia, a companhia questiona a relação física e emocional com a abundância de conteúdo e realidades que caracterizam o mundo atual.
DDD 8: 50 anos de Liberdade em Portugal
E nos 50 anos da Revolução dos Cravos, que se celebra a 25 de abril do próximo ano, a 8.ª edição do DDD – Festival Dias da Dança (uma coprodução do TMP e da Câmara do Porto) aposta na celebração da Liberdade (assim mesmo, com letra maiúscula). A programação será apresentada brevemente, mas do que se sabe o público poderá contar com o espetáculo “VOICE NOISE”, de Jan Martens / GRIP, que será apresentado no Grande Auditório do Rivoli, no Dia Mundial da Dança. O festival irá decorrer de 24 de abril a 5 de maio no Porto, Matosinhos e Gaia.
A temporada terá ainda uma novidade: o podcast “Mescla” conduzido pela atriz, performer e poeta Rafaela Jacinto, disponível nas plataformas de ‘streaming’.
Todo o programa dos próximos seis meses do Teatro Municipal do Porto pode ser consultado aqui.