18/12/2024

O músico regressa ao Porto neste domingo, 22 de dezembro, a partir das 18h00, para um verdadeiro desafio: envolver a Avenida dos Aliados com o seu som mágico e encantatório, numa viagem com 30 anos de distância. Dos temas mais antigos até algumas novidades, o músico conta com uma orquestra e um coro de músicos da cidade em palco. Falamos com o músico sobre este encontro.

 

O concerto que apresentas no Porto, neste domingo, 22 de dezembro, é também o corolário de uma carreira de 30 anos. Passou tudo muito rápido?

 

Foram 30 anos que passaram a correr (risos). Eu acho que tenho tido a sorte de poder concretizar todos os projetos que tenho com a ajuda de amigos de infância que produzem. Penso que a minha música tem vários estilos, desde a pop britânica à música clássica, brasileira e francesa. A verdade é que quebra a monotonia que poderia existir se estivesse sempre a fazer o mesmo género de música, com os mesmos músicos. Ao longo destes anos tive ainda a possibilidade de colaborar com pessoas extraordinárias, como a Beth Gibbons, dos Portishead. Sinto-me feliz, espero que possa fazer mais trabalhos e ter a sorte de continuar a fazer várias coisas pelo meio, como bandas sonoras para teatro, para filmes, para tv, para uma serie de projetos.

 

Mas quais as maiores surpresas que tiveste com uma carreira já tão longa?

 

Eu não imaginaria que os álbuns “Cinema” ou “A Mãe” fossem tão bem acolhidos. Não penso muito se a música vai ter êxito, é sempre uma surpresa muito grande quando alguns temas chegam a muitas pessoas, e isso é muito gratificante.

 

 

O concerto agendado para a Avenida dos Aliados neste domingo conta com a participação do tecido criativo local, a que deste o nome de “Jovens do Porto”. Este é um conceito que tens explorado nos últimos espetáculos.

 

É muito bom existir esta interação com músicos dos locais onde vamos tocar. Isto tem acontecido nos últimos anos com o coro que nos acompanha em cada concerto, nos últimos três anos. Este é o primeiro concerto que fazemos para um espaço tao grande, como é o caso da Avenida dos Aliados, e que conta com orquestra e coro. Este é um alinhamento que cobre grande parte destes 30 anos, de quase todos os trabalhos, e é um concerto que tento que seja mais feliz. Reflete um pouco as várias influências que existem no meu trabalho, com temas instrumentais, alguns temas cantados em latim do primeiro trabalho, ou temas mais antigos. E depois temos os temas mais populares, como o “Pásion”, “Vida Tão Estranha” ou o “Alma Mater”.

 

 

Mas como é feito este contacto e ensaios à distância com os músicos de diferentes cidades?

 

O mais importante é existir a empatia que todos queremos dos músicos no palco. Começamos por enviar as partituras por email para várias escolas e formações, depois vamos falando por telefone. No terreno, fazemos dois ou três ensaios antes do concerto para aperfeiçoar a execução dos temas. É sempre uma surpresa e é bom encontrar músicos novos.

 

Cada espetáculo é único e cada local um desafio. Na Avenida dos Aliados, que é uma praça aberta para a cidade, quais serão as maiores preocupações?

 

A minha maior preocupação é que o som esteja bom. Faz parte dos concertos, nunca sabemos como será, mais ainda quando os concertos acontecem rodeados do movimento da cidade. O ideal é passar uma boa noite connosco, a luz e o som são importantes para o espetáculo, mas também a nossa disposição e a nossa postura a tocar os temas são fundamentais para dar um bom espetáculo.

 

 

Com 30 anos de carreira é normal que o teu público conte já com famílias inteiras a assistir aos teus concertos…

 

É verdade que o publico que assiste aos meus concertos não tem uma idade definida. Vejo no meio do público pessoas mais novas, espectadores com mais idade. Não existe uma faixa etária, há cada vez mais pessoas novas, o que até é uma surpresa boa para nós. Depois há sempre aquele público mais fiel e que conhece mais o meu trabalho.

 

E para o novo ano, que desejo tens para ti para a tua carreira?

 

Estou a preparar um novo disco, que vai sair em 2025. O primeiro tema será lançado ainda este ano, a 27 de dezembro, e chama-se “O Rapaz da Montanha”. O disco que sai em março é diferente daquilo que tenho feito até agora. É cantado só em português e tem influência do universo musical dos anos 70 em Portugal. Casos de Zeca Afonso, Fausto, Sérgio Godinho… Acabam por ser compositores que são, de alguma forma, uma fonte de inspiração para este disco. E já temos concertos marcados, 20 e tal, para promover este novo disco no próximo ano.

 

Entrevista: José Reis

Fotos: Augusto Brázio 

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