“Ambição” é a palavra que molda todos estes jovens atletas. O ténis de mesa é a paixão que todos estes estudantes da Universidade do Porto partilham. Numa modalidade que ainda tem muito terreno por ocupar, o objetivo é enriquecê-la ao máximo, com os “grandes objetivos” que todos transpõem para a UP. No fim de semana em que o Pavilhão Municipal Nicolau Nasoni acolhe mais um Torneio Internacional de Ténis de Mesa, fomos conhecer quatro jovens que prometem colocar a modalidade na agenda mundial - e deixar-nos cada vez mais colados ao ecrã.
Para Pedro Moreira, escolher um desporto aos oito anos foi como fintar as portas automáticas pelos corredores amplos de um shopping. Na busca pelo movimento, por um hobby, por uma equipa com a qual se identificasse, eram tantas as opções disponíveis que ficou sem saber pr onde se virar.
Mas hoje, com 22 anos, encontrou no ténis de mesa aquilo que lhe faz sentido. Para ele, o ténis de mesa é sinónimo de competição saudável e espírito de equipa, é lugar de pertença e é, sem dúvida, “uma segunda família”.
Ele é um dos quatro jogadores que, enquanto alunos da Universidade do Porto, escolheram incluir os treinos e as competições de ténis de mesa nas suas rotinas.
Atualmente a terminar a licenciatura em Economia na Universidade do Porto e a pensar num mestrado, sabe que vai a meio do percurso no que diz respeito a representar, como diz, “não só a universidade como o país também”, na modalidade que o guiou em todo o seu crescimento e formação. Não estando atualmente em mais nenhum clube, o objetivo é dar o seu melhor e tirar partido das competições, como se fosse a última, com as amizades que leva numa bagagem para a vida…
“[Ténis de mesa] é para quem gosta, e eu gosto muito”
…e na bagagem de Pedro vai, invariavelmente, o “Zé”, (como carinhosamente o chamam). No sentido de família alargada que ambos partilham, os seus percursos cruzaram-se naqueles corredores, aos oito anos, no Clube Atlântico da Madalena, em Gaia.
São laços que se mantêm até aos dias de hoje, no curso que ambos partilham na Faculdade de Economia. Para além do ténis de mesa, José Miguel Magalhães cresceu a jogar futebol. Mas, aos nove anos, numa escolha necessária ao seu desempenho, optou por aquilo que, mais tarde, revelou ser uma escolha acertada: o ténis de mesa como uma paixão e um objetivo.
Aos 21 anos está a jogar e treinar no Centro de Alto Rendimento da Seleção Nacional, em Gaia, e na UP, mas também joga por um clube em França.
Para ele, o ténis de mesa é treino e dedicação, mas também é “vida”, que escolhe e que o caracteriza todos os dias. É dia a dia, de segunda a segunda, no saltitar de pavilhão em pavilhão e que, “no final das contas, compensa por fazermos aquilo que gostamos!”
Para Inês, “o céu é o limite”
Sob as paredes maciças do Pavilhão do Centro de Desporto da Universidade do Porto ecoam histórias de vida e objetivos da Inês, como se fossem jogadas de uma partida renhida: na paixão que nutre e que a impulsiona no mundo do ténis de mesa, no futuro que lhe traz novidades na área das Ciências Farmacêuticas. Inês Matos tem 19 anos, várias medalhas e veio de Lisboa para o Porto com uma mala de viagem e vários sonhos.
Desde a conquista de títulos nacionais à sua participação em mundiais, o todo é parte feliz para um objetivo maior. Apenas a seis pontos de alcançar o acesso direto aos Jogos Olímpicos deste ano, ficou-lhe no palato um sabor próximo de vitória, a vontade de saciar um desejo que considera o auge da sua carreira como atleta. “Já ganhámos muita coisa, nem consigo dizer quanto”, mas este, “é um sonho que eu tenho, não vou desistir para 2028”, admite.
Se até hoje dedicou o maior tempo ao ténis de mesa, sabe que, em breve, terá de calibrar a balança e dedicar-se “a cem por cento” aos estudos. Mas para já, o calendário da Inês não tem páginas em branco, entre “treinar, estudar, estudar e treinar…É assim, e assim tem de ser”, diz com um sorriso ambicioso.
Se veio de Lisboa com uma mala, sabe que na eventualidade de uma volta, um camião não chegará para transportar “as pessoas, as experiências e as aprendizagens” que colecionou nesta sua corajosa jornada.
Gonçalo consegue sonhar para além das distâncias
Da Madeira até ao Porto, Gonçalo Gomes atravessou o Atlântico para vir estudar para o Porto e aqui dar continuidade a um sonho. Estuda na Faculdade de Desporto da UP, em regime parcial, para poder priorizar o ténis de mesa. Para ele, o tempo que irá demorar no curso não importa, mas sim “terminar e ser jogador de ténis de mesa, como sempre quis”. A quilómetros das suas raízes madeirenses, estar no Porto é hoje uma experiência familiar, que diz dever à grande ligação que tem com o desporto.
Também ele treina no Centro de Alto Rendimento, que considera perfeito para continuar a sua carreira nos próximos tempos. Depois da participação com Inês no Mundial que decorreu na China, num pavilhão com 25 mil pessoas a assistir, para ele, e para além de Portugal, só França ou Alemanha seriam potenciais destinos para futuro”.
Das distâncias que o mundo cria, o ténis de mesa aproxima. No crescer de uma paixão pelo ténis de mesa, entre as competições, para uns lá fora, para outros cá dentro, os reencontros frequentes viraram rotina para aqueles que, depois, se transformaram em família.
Texto: Sara Santos / José Reis
Fotos: Rui Meireles