25/08/2022

A 9.ª edição da Feira do Livro do Porto arranca nesta sexta-feira, 26 de agosto, nos Jardins do Palácio de Cristal. Está tudo pronto para a abertura de portas, numa edição que presta homenagem à vida e obra da poeta Ana Luísa Amaral. Mas para que nada falhe, há quem já trabalhe nesta atividade há mais de três meses. De forma invisível, assegurando as funções e serviços no terreno, fazem com que este evento seja o sucesso que conhecemos. Estes são cinco dos rostos da equipa que nos permitem ser felizes entre livros e escritores nas próximas semanas. 

 

Fernando Pinheiro, coordenador de produção 

 

Fernando Pinheiro tem 58 anos e assume o papel de coordenador de produção da Feira do Livro do Porto desde 2014. Tal como o nome indica, é a pessoa que coordena todos os serviços inerentes ao evento: contratação, montagem e desmontagem de stands, receção de expositores e serviços de segurança, limpeza, restauração e estacionamento. No fundo, é quem garante o bom funcionamento da Feira do Livro

 

O principal desafio centra-se em “conseguir as melhores condições para quem expõe e visita o evento”, refere. Em termos de mobilidade, por exemplo, “é essencial que as pessoas com mobilidade reduzida tenham a melhor experiência possível”, existindo um cuidado acrescido, nomeadamente com a utilização de passadiços em todos os stands com a maior dimensão possível, mas sem comprometer a preservação dos jardins.  

 

Fazendo parte da equipa da Feira do Livro do Porto desde o primeiro minuto, são muitos os momentos que recorda. Mas “tal como o primeiro beijo ou o primeiro casamento, a primeira edição foi marcante, para mim. O desafio de fazer acontecer a primeira edição, aqui nos Jardins do Palácio, é inesquecível”, recorda. Por razões pessoais, a homenagem a José Mario Branco é também lembrada com muito carinho. Já este ano, “[a edição] está a ser marcante pelas piores razões, fruto do falecimento recente da escritora homenageada”, acrescenta.   

 

Fernando Pinheiro considera a Feira do Livro “um dos eventos mais marcantes da cidade”, porque é simultaneamente um acontecimento comercial, mas também um momento literário e de grande importância, com uma forte componente artística na programação”. 

João Gesta, programador  

 

João Gesta tem 69 anos e é um dos programadores da Feira do Livro desde 2014. Nesta edição, assume a programação das Quintas de Leitura e dos ciclos “Poemagens”, “O Poema Ensina a Cair” e “Brancura de Relâmpago”. 

 

O também escritor relembra dois dos conteúdos que implementou em edições passadas e que o marcaram particularmente: “Duas Quintas de Leitura, uma de homenagem a Vasco Graça Moura, que tinha morrido há pouco tempo, e outra dedicada a Agustina Bessa Luís”. 

 

Da programação deste ano, Gesta assume que é a palavra a “rainha da festa”: “Teremos leitura de poemas no meio das conversas programadas, com diseurs altamente profissionais, os que melhor leem poesia em Portugal”, destaca. 

 

O programador recorda os tempos em que a Feira do Livro acontecia na Rotunda da Boavista: “[Eu e os meus pais] Íamos à Feira do Livro esperando não ser atropelados, porque aquela passagem era complicada”, confessa. Reconhece que foi naqueles tempos que nasceu o seu gosto pela leitura, “a partir dos livros de ficção científica que o meu pai me oferecia – de Isaac Asimov às aventuras de 'Sandokan' (escritas pelo Emilio Salgari)”. Agora, do lado de quem decide, sabe que foi a Feira do Livro que lhe deu o gosto pelos livros. “É, sem dúvida, um evento muito importante na cidade”, conclui. 

 

Sílvia Lourenço, produção e logística

(segunda a contar da esquerda) 

 

Sílvia Lourenço tem 33 anos e integra a equipa de secretariado da Feira do Livro do Porto desde 2019. É um dos rostos que recebe os visitantes no stand número 1, mesmo à entrada do recinto, e que auxilia os expositores antes, durante e depois do evento.  

 

O trabalho de Sílvia, e do resto da equipa que a acompanha nestes dias, começa muito antes do evento arrancar: “No início do ano, pensamos os termos e condições, as datas de inscrição e preparamos todos os documentos de apoio necessários a este processo”, revela. “Nos dias que antecedem a abertura, há um trabalho de apoio aos expositores onde temos de garantir que têm tudo o que precisam para começar a preparar os pavilhões: as chaves, as credenciais de viatura e de parqueamento”, explica. 

 

Durante esse período, esta equipa auxilia os visitantes no esclarecimento de todas as dúvidas: onde decorrem as sessões de autógrafos, quais os livros do dia, onde podem procurar por um determinado título. Mas fica também responsável por guardar todos os objetos perdidos: carteiras, óculos de sol, livros e até sapatos de bebé. Sílvia explica que os objetos são guardados até ao final do evento e “se ninguém os reclamar, são entregues à Polícia Municipal”.  

 

Reconhece que o público deste evento é muito participativo: “Quando está desagradado com alguma coisa, faz questão de vir aqui [ao stand do secretariado], mas também é capaz de elogiar quando estão satisfeitas. E isto ajuda a que haja um equilíbrio”, sorri. 


Paulo Santos, restauração 

 

Paulo Santos tem 49 anos e é colaborador do Grupo Madureira’s, espaço situado numa das áreas de restauração da Feira do Livro do Porto. Participa no evento há sete anos e garante que o trabalho é “muito intenso”. Da equipa de restauração fazem parte cerca de 20 pessoas. Do menu que disponibiliza faz parte uma grande variedade de pratos, “mas o que sai mais são as pizzas, as francesinhas e os pregos”.

 

Reconhece que “há sempre algum stress e é difícil lidar com as pessoas e com a impaciência delas, mas tudo se faz”. Os primeiros dias de evento são os mais difíceis, porque é necessária uma habituação ao espaço e à dinâmica do evento. “Mas depois as coisas começam a rolar com muita naturalidade”, acrescenta. 

 

Paulo recorda dois momentos marcantes no trabalho que desenvolve(u) na Feira do Livro do Porto: o primeiro, em 2017, ano em que a cidade acolheu o RedBull Air Race, pelo volume de trabalho durante os dias do evento; e o segundo, em 2021, quando conseguiu tirar “uma fotografia com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa”. 


Mónica Gomes, montagem de stands 

 

Mónica Gomes tem 39 anos e é comercial da IRMARFER, empresa responsável pela montagem dos stands da Feira do Livro do Porto. Também a sua participação começa muito antes do evento começar. 

 

O trabalho dura cerca de dois meses, estando envolvidas cerca de meia centena de pessoas que assegura o trabalho de preparação, montagem e todo o acompanhamento necessário durante o evento e desmontagem. Na Feira do Livro do Porto são utilizadas, aproximadamente, 2300 placas de madeira e cerca de 5500 peças de alumínio, entre o piso e as paredes dos stands. 

 

Para esta responsável, os principais desafios centram-se na procura de soluções que permitam a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida - uma das prioridades identificadas nesta edição -, assim como o recurso a materiais reutilizáveis e realização dos trabalhos de montagem e de desmontagem com o menor impacto possível em termos ambientais. 

 

Texto: Catarina Madruga

Fotos: Rui Meireles

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