A programação da nova temporada do Teatro Municipal do Porto foi apresentada esta terça-feira, primeiro numa conferência de imprensa e depois numa sessão aberta ao público, transmitida nas redes sociais e na rádio. Entre 17 de setembro e fevereiro de 2021, haverá um total de 69 espetáculos, dos quais 22 são estreias absolutas e oito nacionais, com a dança a ocupar um lugar de destaque.
Com a promessa de abrir caminho a novos formatos de apresentação, criação e fruição, a nova programação procurou assegurar os compromissos da temporada anterior, apresentando vários reagendamentos.
Das 44 coproduções anunciadas, 33 são com artistas e estruturas que trabalham a partir da cidade e três são internacionais. Haverá ainda espaço para 14 sessões transmitidas online, no âmbito do novo programa TMP Online.
LIGAÇÃO RETOMADA COM ESPECIAL ENFOQUE NA DANÇA
Após se ver obrigado a encerrar no mês de março, o TMP retoma a atividade com um conjunto de regras sanitárias apertadas, que serão cumpridas de forma escrupulosa nos espaços do Rivoli e do Campo Alegre, nomeadamente: o condicionamento da lotação das salas a 50%; a separação de dois metros entre pessoas; a criação de circuitos separados de entradas e saídas; a limpeza e desinfeção periódica dos espaços, equipamentos, objetos e superfícies.
A temporada arranca com uma criação do ator e encenador português Tónan Quito, "A Vida Vai Engolir-vos". O espetáculo, que se divide em duas partes que decorrem alternadamente no Rivoli (17 e 19 de setembro) e no Teatro Nacional São João (18 e 19 de setembro), é uma maratona de 10 horas em que é possível ver quatro das principais peças do dramaturgo russo Anton Tchékhov: A Gaivota, O Tio Vânia, Três Irmãs e O Ginjal.
Ao longo do primeiro semestre da programação, não vão faltar alguns nomes já conhecidos do público do TMP, como a Companhia Nacional de Bailado, o Teatro Experimental do Porto, Raimund Hoghe, Patrícia Portela, Cláudia Gaiolas, Jérôme Bel ou Joris Lacoste. O TMP prossegue ainda a sua ligação aos festivais da cidade, acolhendo, até fevereiro, o Festival Internacional de Marionetas do Porto, o Porto Post Doc e o Queer Porto.
REMONTAR A HISTÓRIA DA DANÇA
Seis temporadas depois da associação entre o Rivoli e o Campo Alegre ter sido rebatizada de Teatro Municipal do Porto, a programação, que se distingue pela sua multidisciplinaridade, voltará, a partir de setembro, a ter a dança enquanto disciplina central.
Assim, foi desenvolvido um programa de remontagens de espetáculos que dá a conhecer a História da Dança através de algumas das suas criações mais emblemáticas, como A Mesa Verde (1932) e Chronicle (1936), que se inserem no programa Dançar em tempo de guerra (19 e 20 de fevereiro), da Companhia Nacional de Bailado; RainForest (1968) e Sounddance (1975), duas peças de Merce Cunningham dançadas pelo CCN - Ballet de Lorraine, que apresenta ainda, nos mesmos dias (13 e 14 de novembro), For four walls, uma nova criação de Petter Jacobsson e Thomas Caley; The show must go on (12 e 13 de fevereiro), espetáculo de culto do coreógrafo francês Jérôme Bel, que foi apresentado pela primeira vez há 20 anos e será remontado com intérpretes locais do Porto e Lisboa; e Guintche (21 e 22 de outubro), solo de Marlene Monteiro Freitas que estreou em 2010 e que integra o foco de programação do TMP dedicado à artista.
O ciclo especial sobre a obra e universo artístico de Marlene Monteiro Freitas -- figura incontornável da dança contemporânea, que recebeu em 2018 o Leão de Prata da Bienal de Veneza -- realiza-se de 21 a 30 de outubro, com três peças que marcam o percurso da coreógrafa e bailarina cabo-verdiana, por ordem cronológica: Guintche (21 e 22 de outubro), Jaguar (24 de outubro) e a sua mais recente criação Mal - Embriaguez Divina (29 e 30 de outubro). Paralelamente aos espetáculos, este ciclo de dez dias contará com várias sessões de cinema, conferências e workshops, num programa com curadoria de Alexandra Balona.
UM TEATRO HABITADO E VIVIDO POR ARTISTAS
Jonathan Uliel Saldanha será o próximo artista associado do TMP, iniciando assim um novo processo de criação e colaboração em vários momentos da programação das próximas duas temporadas, 20/21 e 21/22. O músico e artista visual, também conhecido por ser um dos fundadores dos colectivos SOOPA e HHY & The Macumbas, distingue-se pela criação projetos onde se combinam as artes plásticas, o vídeo, a dança e o som. O seu trabalho já foi apresentado em várias salas, festivais e instituições culturais nacionais e internacionais, como Palais de Tokyo (França), Unsound (Polónia), Primavera Sound e Sónar (Espanha), Teatro Municipal do Porto, Culturgest ou Serralves. O primeiro momento de Uliel Saldanha será com a performance/instalação Mercúrio Vermelho (11 e 12 de dezembro), no Teatro Rivoli.
Destaque também para o programa JAA! - Jovens Artistas Associados, que continua esta temporada com Ana Isabel Castro e a dupla Pedro Azevedo e Guilherme de Sousa. Mantêm-se ainda as residências de curta e longa duração, bem como o mais recente programa de bolsas para pesquisa e investigação artística Reclamar Tempo, que apoia atualmente 11 projetos de artistas a residir ou a trabalhar no concelho do Porto com 3.000 euros cada.
89.º ANIVERSÁRIO DO RIVOLI
Entre 20 e 24 de janeiro, celebra-se o 89.º aniversário do Teatro Rivoli com uma extensa programação que atravessa várias áreas, desde a literatura à dança, da música ao circo contemporâneo, passando pelo teatro. Nestes dias, será possível assistir à estreia nacional do comovente e envolvente Falaise (23 e 24 de janeiro), uma criação de Baro D'Evel, companhia franco-catalã de circo e artes performativas dirigida por Camille Decourtye e Blaï Mateu Trias; e às apresentações de Noite de Primavera (21 a 24 de janeiro), do Teatro Nova Europa, de Né Barros, e de Caixa para guardar o vazio (20 a 22 de janeiro), de Fernanda Fragateiro e Aldara Bizarro.
As celebrações contam ainda com o início do ciclo Modos de Comer (20 de janeiro), constituído por um programa com curadoria de Hugo Dunkel, em que serão organizados quatro jantares-conferência, um evento por mês, que culminará num festival de três dias em junho, que celebram a alimentação e as suas manifestações sociais, políticas, culturais e ecológicas. Há ainda um concerto organizado pela Matéria Prima e uma apresentação do projeto de Solveig Phyllis Rocher, que começou a ser desenvolvido em 2019 por ocasião do 88.º aniversário do Rivoli.
Até 25 de setembro, está à venda a Assinatura 6 que dá entrada, pelo valor de 40 euros, a um conjunto de espetáculos de dança (Mal - Embriaguez Divina, For four walls + RainForest + Sounddance, Canzone per Ornella + Postcards from Vietnam, The show must go on, Chronicle + A Mesa Verde, entre outro espetáculo à escolha). A assinatura pode ser adquirida nas bilheteiras físicas do Teatro Rivoli e Teatro Campo Alegre e na Bilheteira Online (BOL).