O Mercado de Natal é uma das atividades que marca a época na cidade do Porto e a programação do “Palácio de Natal”. De 1 a 23 de dezembro, dezenas de expositores ocupam as casinhas de madeira que ornamentam a Avenida das Tílias, criando uma verdadeira “via” de acesso ao Natal. Visitamos o local ainda antes da abertura, debaixo de uma chuva intensa que se abateu sobre a cidade na véspera. Mas, lá diz o ditado (adaptado), que “mercado molhado é mercado abençoado”. Os comerciantes assim o esperam.
Ter uma planta suculenta como decoração natalícia ou, até quem sabe, como árvore de Natal é, cada vez mais, uma realidade. Sinal dos novos tempos, fruto de uma maior consciência ambiental ou, simplesmente, uma forma de dar uma vida mais prolongada ao símbolo maior desta época, que se torna efémero após as festividades. “Há cada vez mais procura e é um excelente presente para oferecer nesta altura do ano. Funciona, muitas vezes, como uma prenda surpresa e é muito mais duradouro”. Se bem cuidado, claro.
Felisberta Marques ultima os preparativos da sua “casinha de madeira” para receber os visitantes a partir das 10h30 do primeiro dia do último mês do ano. A sua banca vende “suculentas e catos”, todos devidamente alinhados e em feliz convivência, lado a lado. Olhar para lá é ter vontade de comprar uma mão cheia delas, levá-las para casa e decorá-las ao gosto da época que se vive. “É uma excelente opção para tornar uma casa ainda mais bonita nesta altura do ano”, assume.
A vendedora ocupará um dos expositores que fará do “Palácio de Natal” – e dos jardins do Palácio de Cristal – a sua “segunda casa” durante o mês de dezembro. Da Trofa traz os melhores exemplares para este mercado que conta “com uma vista tão bonita”, o que só augura tudo de bom. “Com tudo isto só posso achar que vai correr tudo muito bem”, antevê.
A juntar a isto, confessa que é a primeira vez que visita os jardins do Palácio de Cristal, mas já se enamorou pela paisagem envolvente. “É tudo bonito, especial, e só de imaginar as pessoas a caminharem por aqui fico já entusiasmada”, destaca.
Cortiça e magia nas bancas
A poucas horas da abertura do Mercado de Natal, e apesar da chuva que cai sem parar, os preparativos continuam ao ritmo normal, com atenção a todos os pormenores, para que nada falhe na hora de abrir portas. Alinham-se cadeiras nas tendas de apresentação das atividades, acertam-se os avisos de sinalética, ajeita-se a poltrona que irá sentar, nas próximas semanas, o convidado de honra desta iniciativa: o Pai Natal.
Ao lado, paredes meias com a Casa do Pai Natal, o casal Constantino Silva e Ana Almeida retira das caixas os produtos que, todos os dias, irão figurar no seu expositor. “Vendemos produtos nacionais e naturais porque gostamos de valorizar o que é nosso”. Ou seja: “produtos em cortiça que são feitos à mão por artesãos da nossa confiança e que já colaboram connosco há muito tempo”.
Em cima da banca há objetos com diferentes formatos, mais ou menos conectados com a época festiva que atravessamos. Há figuras míticas (“e místicas”) com diferentes simbologias, “anjos bons e anjos maus”, todos com um significado muito especial.
“É a primeira vez que participamos no Mercado de Natal e as expectativas são as melhores, apesar de sabermos que nunca podemos criar muitas esperanças”, assume Ana Almeida. Apesar de tudo, estão confiantes que as peças que apresentam no local provoquem uma surpresa em quem se aproxime da banca. “Porque o Natal é mágico e essa magia está muito presente nas peças que aqui temos”,
“Relíquias” em madeira reutilizada
Do outro lado da Avenida, Natália Rodrigues e Fernando Guia são presenças habituais nos mercados da cidade. “Costumamos estar no Mercado da Alegria, no Passeio Alegre, e estivemos, no ano passado, no Mercado de Natal da Praça da Batalha”. Este ano, o destino é outro: o Palácio de Natal. “Vemos esta mudança de forma positiva, lembra-me muito a minha infância e é um local cheio de memórias”, revela Natália. “Lembro-me tão bem do tempo em que vinha aqui comer aquelas bolachinhas de água e sal e ver as barraquinhas de vinho do Porto”, desfia esta artesã.
Ao lado, Fernando prefere trabalhar ao invés de “perder tempo” em conversas. As obras que expõe são da sua autoria, verdadeiras “relíquias” com paus de gelado e molas de madeira. “São presépios, carros de bombeiros, carrinhos de corrida e até um farol”, feitos com objetos do dia a dia.
O gosto pela arte nasceu depois da reforma, quando Fernando se viu sem nada para fazer. “Olhe, fui ao google e ao Pinterest em busca de inspiração e aqui está o resultado. Nascem da minha imaginação e do desafio de alguns compradores nas feiras por onde tenho passado”, conta o artesão, por entre um sem número de propostas que prometem surpreender miúdos e graúdos.
Quanto às expectativas, são “as melhores”, tendo em conta o local onde decorre, "ideal para passeios em família”, e a divulgação que tem feito. “Tenho usado as minhas redes sociais para divulgar que aqui estou. À espera de quem queira aparecer” e juntar-se, desta forma, ao espírito que irá invadir os jardins do Palácio de Cristal nas próximas semanas.
MERCADO DE NATAL
1 a 23 de dezembro
De Segunda-feira a quinta-feira: 14h00 – 19h00
Sexta-feira: 14h00 – 21h00
Sábados: 10h30 – 21h00
Domingos e Feriados: 10h30 – 19h00
Reportagem: José Reis e Sara Oliveira
Fotos: Rui Meireles