A 18.ª Maratona do Porto voltou este domingo à marginal da cidade do Porto. A prova principal, de 42 quilómetros, reuniu mais de 10 mil participantes. Na meta, instalada no recinto do Queimódromo, encontrámos várias famílias que esperavam pelos seus atletas. Para elas, qualquer que seja o lugar que alcancem, são sempre os vencedores de cada prova em que participam.
A Maratona do Porto não é apenas feita de pódios e de profissionais. Nesta prova, há pessoas, iguais a tantas outras, que integram a corrida no seu dia a dia e que a conseguem conciliar com os seus empregos e famílias. O objetivo não é ganhar, mas o rigor e a exigência não deixam de estar presentes.
Raquel aguarda o marido, Diego, de 37 anos. O casal vive em São Paulo, no Brasil, e veio de propósito para correr a Maratona do Porto. O empresário brasileiro, para quem a corrida é um passatempo, já correu as Maratonas de Washington e de Florianópolis. Raquel garante que é a correr que o marido “se organiza, é aquilo que lhe traz equilíbrio e saúde”.
A preparação, essa, vem de há muitos meses e Raquel explica que “tudo isto é muito emocionante. Acorda às 5h00 todos os dias e tem um regime alimentar muito cuidado”.
O casal já tinha estado na Invicta, mas desta vez o propósito é mesmo a Maratona do Porto. A brasileira confessa que esta “é uma cidade muito bonita e este percurso junto ao mar é muito interessante. O tempo também está a ajudar. Está ótimo! Este friozinho que se sente é muito agradável”.
Já Irene espera pela filha Rute, de 43 anos. É a primeira vez que corre a Maratona do Porto, depois de ter feito a prova em Londres e Lisboa. Com três filhos, a corrida está presente na vida de Rute semanalmente. Mas Irene é essencial nesta rotina desportiva: “ela vai correr quando tem tempo e quando eu posso ficar com os três netos”.
“Estar aqui é muito agradável, mas eu não teria coragem para fazer uma coisa destas. É muito exigente fisicamente e, por isso, dou muito valor a todas as pessoas que estão a correr”, confessa.
Laços familiares na linha da meta
Rúben tem 35 anos e é um veterano na Maratona do Porto. A mãe, Maria Goreti, já perdeu a conta ao número de provas e de medalhas do filho. Os treinos acontecem sempre ao final do dia ou à noite. A mãe não esconde o orgulho no filho, residente em Vila Nova de Gaia, que “vai de Canelas até Miramar, depois até ao Cais de Gaia e volta a seguir para casa”.
Maria Goreti acompanha o filho em todas as provas e a Maratona do Porto não é exceção. “São horas de muita ansiedade”, num ambiente que considera “fabuloso”. Os próximos desafios já estão definidos: uma prova de 100 quilómetros no Gerês e outra prova com a mesma distância. Quando acontecerem, esta mãe assegura que vai lá estar.
Alexandra e Fábio fazem a festa na bancada. De sorriso rasgado e conversa fácil, aguardam que o tio Paulo, de 46 anos, cruze a meta. Paulo começou a correr com os amigos, ganhou-lhe o gosto e “agora não quer outra coisa”. O dia a dia é passado no aeroporto, mas aproveita todos os momentos para fazer “o gosto ao pé”, sozinho ou acompanhado.
Esta é já a terceira Maratona do Porto que faz e os sobrinhos estão sempre presentes. “Estar deste lado é muito bom, mas a primeira foi a mais especial”, confessa Alexandra. “É sempre muito bom, é um orgulho muito grande, e estamos sempre com ele a acompanhar as suas conquistas”. A promessa está feita: no próximo ano estão cá outra vez.
Marcas históricas
Na edição em que a Maratona do Porto atingiu a maioridade com mais de 10 mil participantes, 72 nacionalidades e marcas ‘de peso’, naquela que foi uma edição digna de registo.
O primeiro atleta a cruzar a linha de meta foi o queniano James Mwangui, cançando o recorde da prova com o tempo 02:08:47, que pertencia desde o ano passado a Zablon Chumba. Na segunda posição ficou o etíope Abraraw Tegegne com 02:10:29 seguido pelo seu compatriota Haymanot Alew com o tempo 02:11:10.
A queniana Alice Kimutai dominou a prova feminina com 02:29:58, mas foi Vanessa Carvalho que arrecadou a maior ovação do público presente na linha de chegada em plena Queimódromo. A atleta do SC Braga cruzou a reta final em segundo lugar, com 02:29:58, seguida da queniana Lydia Njeri Mathathi com 2:36.38.
A cerimónia de entrega dos prémios contou com a presença do vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, do vereador do Desporto da Câmara de Matosinhos Vasco Pinho, Mário Duarte da Câmara de Vila Nova de Gaia, e ainda dos representantes das entidades parceiras da Maratona do Porto.
Texto: Catarina Madruga e Sara Oliveira
Fotografias: Rui Meireles e Andreia Merca