06/11/2024

Na longa escadaria que liga a zona alta da cidade à Ribeira há agora uma árvore que abraça toda esta vista histórica, voltada para a Ponte Luís I. Numa intervenção do artista Facio, no âmbito do Programa de Arte Urbana do Porto, as Escadas dos Guindais ganham agora mais um motivo de visita. 

 

Na fachada de um edifício com história, há hoje uma (nova) história que se conta a quem lá passa. A preto e branco, feito de linhas milimetricamente desenhadas, um par de olhos segue quem por ali caminha, como que a testemunhar o movimento contínuo de um dia a dia que se faz se subidas e descidas, de vagares e sorrisos, de fotografias e de vídeos. O velho de olhos profundos que ali está é o novo guardião de um local com tradição, que conta parte dessa memória da cidade.

 

Foi a partir dessa tradição que Facio decidiu pintar o novo mural da cidade, a convite da BALUARTE (fora de portas) deste ano. Esta nova intervenção juntou alguns elementos “simbólicos para sugerir diálogos mais metafóricos”, admite o artista, em conversa com a ÁGORA.  

 

 

Para além da figura humana, imponente, até mitológica, que ali ganhou uma nova casa, juntou ainda um outro elemento. “A árvore ombú servia, em tempos, como refúgio de sombra e lugar de descanso daqueles que caminhavam, mas servia também como ponto de orientação devido à forma imponente e raízes de grande porte” revela o artista.

 

E, neste caso, nada foi deixado ao acaso, já que, nos Guindais, “há uma grande escadaria e um constante movimento de pessoas. A ideia de pausa torna-se relevante”, acrescenta.

 

Neste lugar, a palavra de ordem é mesmo “parar”. Para respirar ou, simplesmente, para contemplar (mais uma vez) a paisagem mundialmente reconhecida como Património Mundial da Humanidade, com a ponte Luis I como elemento unificador.

 

 

Ao longo deste processo de intervenção, que demorou cerca de dez dias, o artista contou com a colaboração de várias pessoas, que iam passando, registando o momento, olhando com tempo e dando um “feedback positivo”, contribuindo, desta forma, para um “ambiente de partilha mútua”.

 

“Estou muito agradecido por ter tido a oportunidade de me aproximar da comunidade local e contribuir para a revitalização do espaço urbano da cidade do Porto”, refere Facio.

 

O olhar de quem passa tem agora mais um motivo para se deixar ficar no olhar de quem fica, no abraço ao guardião de uma tradição e garante de momentos de contemplação que vive no cimo da Escadaria dos Guindais, paredes meias com o Guindalense FC.

 

Texto: José Reis

Fotos: Rui Meireles

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