A edição da Páscoa dos campos de férias do município do Porto prossegue numa semana de férias que passa a correr, mas ainda há tempo para muitas aventuras e descobertas. Esta quarta-feira foi dia de batismo de mergulho, jogos de água e desportos de grupo, como o andebol e o basquetebol.
Às 10h00 descem a Rua do Almirante Leote do Rego em direção à Piscina da Constituição os participantes da Missão Férias@Porto da Páscoa. O burburinho das crianças começa a ser cada vez mais audível. A fila chega compassada e desfaz-se mal entram na receção. Como se de uma claque se tratasse, chegam os “amarelos” e os “cinzas”. E fazem-se notar. É preciso “conter este entusiasmo”, diz-nos com um sorriso rasgado Ana Pinto, uma das professoras da Missão Férias@Porto.
Decidimos acompanhar o primeiro grupo da manhã, composto por 47 crianças, entre os 6 e os 11 anos, incluindo cinco crianças da Associação de Desporto Adaptado do Porto (ADADA). Lucas Silva, um dos professores que as acompanham, faz voluntariado e está a tirar o Mestrado de Atividade Física Adaptada. É a primeira vez que participa nestes campos de férias e sublinha a importância da vertente inclusiva neste tipo de iniciativas. “Está a ser uma experiência única que levo para a vida”, revela.
Manuel Pimentel, de 7 anos, vive a excitação normal de quem está prestes a experimentar mergulho. “E então, estás nervoso para entrar na água?”, questionamos. “Eu? Não! Já sei nadar. E o que vais perguntar-me a seguir?”, lança com a audácia e curiosidade típicas de uma criança endiabrada. “Quero saber como está a correr este campo de férias…”. “Está a correr bem, venho com a minha irmã, mas ela está no outro grupo, acho que vão jogar basquetebol e andebol agora de manhã e à tarde vêm para aqui”.
Após uma pequena pausa para ordenar “as tropas” e afagar os estômagos mais exigentes, chega o ambicionado momento. Batismo de mergulho e jogos de água.
Vamos ser mergulhadores?
Devidamente equipados, touca e óculos em riste, seguimos o grupo para a piscina. Guilherme Moreira, de 8 anos, é repetente nos campos de férias e do que mais gostou até agora foi experimentar o bowling. As expectativas para a manhã de mergulho e diversão na água estão em alta para ele e restante grupo, à exceção do amigo que está mesmo ao lado dele. “Acho que ele está com medo, mas eu não!”, segreda-nos de peito feito.
A hora é de saltar para a piscina. Enquanto um grupo participa nos jogos de água, outra formação segue para o batismo de mergulho. José Roças, responsável de mergulho e já muito experiente nestas lides, lança o repto: “vamos ser mergulhadores?”. Escusado será dizer que todos alinham. E, na verdade, os receios iniciais são prontamente esquecidos e as atenções direcionadas para as botijas, máscaras e coletes dispostos no chão da piscina.
“Esta é uma experiência gratificante para eles e para nós instrutores, até porque esta será a primeira vez que as crianças experimentam a sensação de estar debaixo de água, num ambiente de quase gravidade zero”, explica. A primeira dificuldade é “mesmo aprender a respirar pela boca” com recurso ao regulador e à garrafa de mergulho. Apesar da complexidade aparente, “é muito fácil passar a mensagem, as crianças naturalmente conseguem apreender tudo e muito rápido”.
Depois de ensinar os sinais básicos para “comunicar dentro de água”, José Roças dá finalmente início ao tão ambicionado mergulho.
Inês Campos, de 10 anos, é uma das primeiras destemidas a experimentar. “Faz impressão”, mas ao “mesmo tempo é bom”, diz-nos ainda aturdida pelas emoções. Vasco Oliveira tem 7 anos e é um dos participantes da ADADA, que se sente como “peixe debaixo de água”. A professora diz-nos que ele nada e foi apurado para as competições nacionais, mas não pode participar “porque ainda não tem idade”.
“Olha para baixo, respira e … 1, 2, 3, mergulha!”, ordena o instrutor. Vasco assim faz. Quando vem à superfície, meio ofegante, dispara: “ó professor, eu estou bem e tu?”, mostrando que aprendeu bem o “código secreto de um bom mergulhador”.
À descoberta dos truques do andebol e basquetebol
Rumámos depois ao Pavilhão Nicolau Nasoni, onde um grupo de 36 jovens e quatro crianças da ADADA, entre os 10 e 12 anos, aprendem técnicas básicas para ser “um ás” no andebol e no basquetebol. Os desportos de equipa trazem novos desafios e novas práticas – a cooperação, a aceitação das diferenças e o estímulo para a partilha de experiências.
Janete Guedes é uma das professoras veteranas da Missão Férias. Não falha uma edição. Muitas destas crianças que aqui estão, já as conhece desde pequenas. É o caso da Camila Santos, de 11 anos. Vem da Maia, joga andebol, mas é para a tabela do cesto de basquetebol que experimenta marcar triplos. Questionada sobre estas férias especiais, revela: “adoro isto, mas o que mais acho piada são os piqueniques e o convívio”. A professora ouve de soslaio Camila. “Tu não digas mal de nós!”, afirma, com uma risada farta.
É com “um brilhozinho nos olhos” que Janete fala dos seus meninos e meninas. “No Verão temos crianças que estão connosco dois meses seguidos, criamos laços muito fortes”, diz-nos. Apesar da edição da Páscoa ter uma duração mais curta, “não sabe a pouco”. Do programa não faltaram as atividades radicais e os desportos de grupo, o bowling, o batismo de mergulho, o cinema, as visitas temáticas e os passeios. Amanhã é já o último dia. A semana passou a correr. No verão há mais Missão Férias@Porto.
Texto: Sara Oliveira
Fotos: Andreia Merca